segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Lugares



Texto escrito e lido pela Catarina na despedida da Avó:

A árvore está enraizada no cimo de um monte perto de uma aldeia perdida no orgulho de quem por lá vive, caiando as casas, podando os pomares e canteiros, mantendo as ruas para que quem os visite, encontre um lugar acolhedor e belo.

Ao som dos sinos da pequena capelinha os netos sobem à vez para o baloiço artesanal pendurado na oficina da casa. O avô encontra em todos os objectos e pequenos seres uma forma de explicar a vida. A avó atarefa-se nos infindáveis afazeres domésticos, que dão ordem e paz ao dia-a-dia. Os netos vivem cada experiência como uma aventura inesquecível e percorrem os trilhos e montes, descobrindo infortunados sapos e frutos apetecíveis.

A casa tem uma adega, símbolo e memória de outros tempos, onde se pisavam as uvas de pés descalços e se cantavam músicas da terra para marcar compassos. Nas salas permanecem molduras imóveis com imagens imóveis de quem deixou marcas e foi marcado pela vida. Num corredor existe uma pequena porta com umas pequenas escadas até um pequeno sótão, onde de uma pequena janela surge, ao longe, a árvore enraizada no cimo do monte.

Quando a lua aparece e o sol se despede, os netos trepam o monte e sentam-se na copa da árvore. Ali encontram a serenidade do campo e o cheiro da terra. Partilham a descoberta da imensidão da paisagem visível a partir daquele lugar e sabem que, aquele é, apenas o início.

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