Nos últimos dias fomos Semear Abril em três escolas do 1º ciclo.
Falámos naturalmente de Abril e dos seus valores com uma centena e meia de alunos do 3.º e 4.º anos de escolaridade. Mas também falámos do reino de Sikkal e do que caracteriza uma Sociedade Justa, dos Nós de Marinheiro e dos laços sociais, da gaivota Guincho e da carneirada de que se deve afastar, dos erros do Quinzinho Carapau de Corrida.
Em todas as turmas sentimos o interesse e a vontade de participar das crianças. Umas mais irrequietas ou menos atentas do que outras, mas o balanço foi extremamente positivo, como sempre tem acontecido desde que iniciámos o projecto Semear Abril em Outubro de 2022.
Tão positivo que ontem, ao reflectirmos sobre a experiência, um companheiro interrogava-se sobre o que corre mal para que mais tarde, a meio do trajecto educativo, alguns destes jovens desistam do exercício saudável da cidadania e adiram a projectos antidemocráticos e antissociais.
Poderia elencar várias razões como, por exemplo, a pulverização dos laços familiares, a influência descuidada e muitas vezes agressiva dos pais, a atomização e enfraquecimento das instituições tradicionais e dos grupos comunitários, a frustração dos professores ou as desigualdades sociais. Mas se tivesse de apontar apenas uma, seria a progressiva substituição da educação tradicional pelos famigerados algoritmos que dominam as plataformas sociais e, em consequência, determinam a visão que muitos jovens têm do mundo.
Estamos a deixar que os jovens sejam estimulados por algoritmos que não controlamos e não os ajudam a serem bons cidadãos e seres humanos funcionais. Que os empurram para serem consumidores e dependentes, para serem tribais, para segregar os que vêm de outra cultura ou que pensam de forma diferente, para odiar e sentir raiva.
Os algoritmos que dominam as plataformas sociais não formam pessoas porque os modelos de negócio a que obedecem são anti-humanos. Não ensinam os jovens a compreender e a juntar-se aos que são diferentes deles, a fazer parte de algo maior do que a sua tribo.
Não promovem a Solidariedade, a Justiça, a Paz e a Democracia.
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