O meu Pai era reconhecido mundialmente como um dos maiores cientistas no melhoramento genético do cafeeiro. Era convidado para trabalhar em Angola, no Brasil, na Venezuela, na Colômbia, no México, na Guatemala, na Nicarágua, nas Honduras, na Costa Rica, no Panamá, na República Dominicana, onde criava estações experimentais, ensinava nas universidades, apoiava centros de investigação.
Seleccionava, por cruzamento em ambiente controlado de plantas de diversas origens, espécies de cafeeiros resistentes à ferrugem, a "Hemileia vastatrix", uma doença devastadora que causa a perda de plantações inteiras. Uma vez seleccionadas, as espécies resistentes eram testadas em estações experimentais e se demonstrassem ter qualidades produtivas adequadas, eram distribuídas aos agricultores.
Não conheço os detalhes de todas as suas andanças pelo mundo mas há dois anos, a minha prima Tania, que andou por Timor-Leste, disse-me que tinha de acrescentar aquele país à minha lista e contou-me esta história:
“Faz uns 5 anos... trabalhava num projecto com uma senhora timorense... A Néné... Maria Alves e depois de ganhar confiança... um dia perguntou-me meio embaraçada se eu tinha alguma coisa que ver com o Eng. Bettencourt que tinha estado em Timor-Leste a trabalhar na área do café em Aileu e Ermera... como imaginas para mim não era surpresa ... surpresa foi saber que uma senhora que na altura teria 8 anos... ainda se lembrava do teu Pai... o Pai dela tinha trabalhado com o teu.”
Para mim não foi surpresa. O outro sempre esteve no centro das preocupações do meu Pai.