Assisti à "grande entrevista" do ministro da Defesa João Gomes Cravinho à RTP3 com a atenção que ainda dedico aos assuntos de uma área onde trabalhei durante a maior parte da minha carreira profissional.
Confesso que as minhas expectativas relativamente às entrevistas ministeriais são normalmente muito baixas e esta esteve dentro do esperado, não trouxe nada de novo. Contudo, surpreendeu-me a atenção dada à Marinha, não é habitual um ministro aventurar-se nos detalhes do seu funcionamento. Deixo os comentários ao que foi dito para os camaradas mais bem informados do que eu sobre a situação actual da Marinha, mas não resisto a apontar duas afirmações que me fizeram voltar ao tempo em que nela prestei serviço.
A primeira foi que com a aprovação em conselho de ministros da “possibilidade de encomenda” de seis novos navios de patrulha oceânicos, ficaremos com a Marinha mais bem equipada que alguma vez tivemos. Andou tanta gente a trabalhar duramente para obter financiamentos e para construir e manter navios que satisfizessem as necessidades mínimas da Marinha e afinal a solução era tão simples: bastava reunir um conselho de ministros e aprovar uma possibilidade de encomenda!
A segunda foi que a Marinha teria previsto que o Bérrio "estaria em condições, viveria", disse o ministro, até 2028 ou 29. Tendo em conta a minha experiência pessoal, tenho dificuldade em admitir tal possibilidade e só vejo duas hipóteses: alguém mentiu ao ministro ou havia outro Bérrio que não aquele que fui buscar a Inglaterra em 1993 e depois fui responsável pela sua manutenção.