Ao mexer em papéis antigos, encontrei este quadro de cores
dos encanamentos das fragatas da classe "Vasco da Gama". Pouco dirá à maioria dos
leitores desta publicação, mas está ligado a um período muito especial da minha
vida profissional e por isso decidi reproduzi-lo.
A aquisição e construção das fragatas da
classe Vasco da Gama provocou uma verdadeira revolução na engenharia naval militar
portuguesa. O salto tecnológico que aqueles navios induziram foi um enorme
desafio para quem estava no centro das discussões e decisões técnicas, como foi
o caso do grupo de quatro oficiais em que me incluía e que, a partir do final
de 1986, discutiu com o estaleiro alemão e os fornecedores, a especificação
contratual da plataforma dos navios e dos seus sistemas electrónicos e
electromecânicos.
Muitas das tecnologias, dos conceitos e dos sistemas dos
navios eram novidade para a nossa Marinha e foi preciso rever muitas práticas e
definir até coisas muito simples como, por exemplo, as cores das fitas adesivas
que iriam ser usadas para identificar os encanamentos do navio em função do
sistema a que pertenciam e do fluido que transportavam.
Pois este foi o desenho produzido com uma das primeiras
versões do AutoCad, num caríssimo computador desktop Zenith Z-286 com 640kb de
RAM e um gigantesco disco de 20 Mb, e num plotter de canetas Roland. Foi
a forma expedita de produzir um documento discutido por meia dúzia de
“especialistas” do Gabinete de Estudos que se substituíram ao moroso processo
de normalização e que foi entregue ao estaleiro Blohm+Voss como a norma da
Marinha portuguesa.
Para os colegas engenheiros navais, poderá ser interessante
comparar o nosso trabalho de 1986 com a norma ISO 14726 que mais de uma década
depois normalizou as cores das fitas adesivas de identificação dos encanamentos
dos navios. Não ficámos muito longe…
Sem comentários:
Enviar um comentário