Ao contrário do que muitos pensarão, até ao final da década de 1940 não houve uma migração significativa de portugueses para Moçambique. Apesar da pressão internacional, a partir do final do século XIX, para que Portugal ocupasse efectivamente as colónias que detinha em África, poucos indivíduos ou famílias tentaram a sua sorte naquela que era à época uma das menos desenvolvidas.
Quem estudou a colonização portuguesa de Moçambique estima que terão sido menos de 50 mil até meados da década de 1950, sendo o grosso constituído por militares e funcionários públicos administrativos em missão de serviço, administradores e quadros das concessionárias ou membros de qualquer outro grupo beneficiário do sistema colonial, com as suas famílias, a maioria dos quais com bilhete de ida e volta da Metrópole. Em 1960, a população branca recenseada em Moçambique não atingia os 100 mil. Até então a migração económica de sobrevivência dos portugueses era feita essencialmente para as Américas e, menos significativa, para as colónias da costa ocidental de África.
Mas apesar das condições precárias da colónia, alguns portugueses, em especial das zonas mais desfavorecidas do país, optaram por Moçambique na busca de uma vida melhor. Foi o que fizeram, quatro anos antes da primeira Grande Guerra, dois jovens madeirenses recém-casados, a Maria Isabel Jardim da freguesia do Arco de São Jorge no norte da ilha e o António Jorge Bettencourt da freguesia de Gaula. E por lá ficaram até ao fim das suas vidas.
Tiveram cinco filhos. A mais velha, faleceu aos dez anos na primeira viagem que fizeram a Portugal, por navio, pelo Canal do Suez. Os outros quatro − Rui, António, Aníbal e Jorge −, estão com eles nesta fotografia do final da década de 1940. O meu Pai é o do meio, na segunda fila.
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