Como já aqui disse, para mim a cidadania não é um código de boas maneiras, é uma relação de poder que envolve o povo soberano e todos os que, em seu nome, são chamados a governar, a administrar e a julgar. E nessa relação, o povo soberano que somos nós, cidadãos, perde sempre que os que são chamados a governar, a administrar e a julgar em seu nome, impõe a sua vontade contra os nossos interesses. É por exemplo o caso da fúria desmatadora que atingiu governo e autarquias depois da tragédia dos incêndios e que, no meu caso pessoal, obriga a abater pinheiros mansos que há décadas ajudei o meu pai a plantar. Tenho a certeza que o meu pai partilharia comigo a revolta pela destruição, em nome de uma muito suspeita política da floresta, da mata onde quis que depositasse as suas cinzas.
Mas também tenho a certeza que o meu pai ficaria tão contente como eu por ver a mata de Nova Oeiras ser poupada à loucura da desmatação nacional, ser bem preservada por um município que noutros locais não tem a mesma racionalidade e ser cuidada por um grupo de cidadãos jovens. É que foi ele que me ensinou que o exercício da cidadania é uma tarefa dura e que cada vitória, por mais pequena que seja, é conquistada dia-a-dia por cada um de nós, cidadãos deste país.
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