Há um ano, recolhi a senha na entrada do hospital e subi ao SO. Como era habitual desde que estava internada, ia estar trinta minutos com a minha Mãe e dar-lhe o jantar.
Ao entrar no quarto, vi logo o letreiro “dieta zero”, por cima da cabeceira, mas não quis entender o que significava. Sabia a resposta, mas mesmo assim perguntei à enfermeira se não lhe podia dar o jantar. Respondeu que não.
A minha Mãe estava muito serena e lúcida. Conversámos sobre muitas coisas e, no final, pediu-me que a levasse para junto do seu amor, no terreno da casa onde nasceu.
Voltei a fingir que não entendia. Trocámos beijos e um longo abraço, e disse-lhe: Até amanhã, Mamã.
Não me respondeu.
Foi o nosso último adeus. Partiu vinte minutos antes de o dia acabar.
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