Foto Rui Oliveira |
Facto de viver, de ter vida; existência. Experiência de vida. Processo psicológico consciente no qual o indivíduo adopta uma posição valorizante, sintética, que não é apenas passiva e emocional, pois inclui também uma participação intelectual activa. O conhecimento adquirido através da experiência vivida. Não é lido, não é contado, é experimentado.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
Mafalda
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
Natal moçambicano
domingo, 1 de dezembro de 2019
A Fábrica de Santa Catarina
... ou divagações a propósito de umas conservas de atum.
Há uns dois anos a Joana trouxe-me dos Açores duas latas de filetes de atum com temperos da marca Santa Catarina. Não conhecia mas gostei da embalagem e do conteúdo. Interessei-me pela origem, a ilha de São Jorge, que conheci como João de Melo descreveu: “a ilha mais profundamente ilha dos Açores”.
Gostei de saber que o atum era pescado por “Salto e Vara”, uma arte de
pesca tradicional pouco predadora, que preserva a vida e o habitat dos
golfinhos e permite aos pescadores capturarem apenas o peixe necessário sem pôr
em risco outras espécies ou peixes mais pequenos. Por isso procurei perceber a
história da fábrica que produzia tal produto de qualidade, num concelho e numa
ilha com uma população de 3 773 e 9 171 habitantes, respectivamente (censo de
2011).
Recursos humanos |
Aprendi que a Fábrica de Santa Catarina, na Calheta, existe desde 1940. Que em 1995 foi desactivada pela Sociedade Corretora de São Miguel e reactivada com o apoio do município da Calheta.
Que faliu em 2009 e o governo regional comprou-a por 1 euro e transformou-a numa empresa de capitais públicos por intervenção da Lotaçor - Serviço de Lotas dos Açores, para evitar o encerramento. Que é o principal empregador de São Jorge, na sua maioria mulheres que dificilmente encontrariam trabalho remunerado noutra área. Que o financiamento do governo regional de cerca de 13 milhões de euros para que se mantivesse em laboração desde então foi considerado contrário às regras europeias e denunciado pelos concorrentes.
Que por ter 100% de capital público não é elegível para apoios do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.
Que segundo o relatório de contas de 2018 a dívida aos fornecedores é de 3,3 milhões de euros. Que o governo regional tenciona privatizar 80% do capital da Santa Catarina e que a sua recuperação requer um investimento da ordem dos 6 milhões de euros.
Que há dias a Associação de Armadores da Pesca
Artesanal do Pico se queixava que cinco dos seus associados não conseguiam
receber valores que variam entre 20 e 50 mil euros correspondentes ao atum
vendido durante a última safra à fábrica de Santa Catarina.
Trabalhadoras da fábrica de Santa Catarina |
Sempre que encontro conservas Santa Catarina no supermercado, compro.
terça-feira, 29 de outubro de 2019
"Anda comigo ver os aviões"
segunda-feira, 28 de outubro de 2019
Puzzle
terça-feira, 15 de outubro de 2019
A morte no Ateneu
terça-feira, 3 de setembro de 2019
De que lado estás?
Estes novos grupos e intérpretes que revolucionaram a folk music norte-americana eram inspirados e acompanhados por cantores veteranos como Pete Seeger, um activista censurado pelo macartismo na década de 1950. Canções repudiadas como "commie crap" nos anos 40 voltaram a ocupar as posições cimeiras das tabelas musicais. Entre elas estava a que talvez seja o hino mais duradouro do movimento operário norte-americano e o padrão das canções de protesto em língua inglesa durante décadas: “Which Side Are You On?”
A letra de “Which Side Are You On?” foi escrita em Fevereiro de 1931 por Florence Reece, mulher do organizador de uma greve de mineiros contra a redução unilateral de 10% do salário pela associação patronal, depois de a sua casa ser assaltada e ocupada pelo sheriff ao serviço dos patrões. Florence e os seus sete filhos foram sequestrados pelo sheriff e os seus homens enquanto esperavam pelo marido para o abaterem. Felizmente Sam Reece não voltou a casa naquela noite e na manhã seguinte Florence, revoltada, escreveu a letra para “Which Side Are You On?”, usando a melodia de uma balada tradicional que conta a história de uma jovem mulher que se veste de homem, alista num navio e participa em combates, em busca do namorado que tinha partido para a guerra.
Ao longo dos anos, “Which Side Are You On?” foi recriada e adaptada por inúmeros artistas sempre que esteve em causa a luta contra a desigualdade. Mas foram as versões de Peter Seger que a imortalizaram e que me inspiraram no final da década de 1960. Continuo a gostar dessas versões, mas hoje, talvez efeito da passagem dos anos, delicio-me também com a suavidade da interpretação de Natalie Merchant.
Mas qualquer que seja a versão que ouça, continuo a sentir o título da canção. Tal como quando foi criada há quase 90 anos, ou quando a conheci há 50 anos, se as coisas correm mal é necessário escolher um lado. Por isso hoje, quando a democracia enfrenta novos desafios, a liberdade é posta em causa e se acentuam as desigualdades resultantes de políticas erradas, volta a ser necessário escolher um lado, escolher entre o lado do ódio e da exclusão e o lado da justiça, da inclusão e da democracia.
E tu, de que lado estás? Consciente e serenamente, com a serenidade que a voz de Natalie Merchant transmite, é tempo de cada um de nós voltar a escolher um lado.
sexta-feira, 2 de agosto de 2019
Muito prazer, José Afonso
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Capa do Binómio n.º 35 de 2 de Novembro de 1968 |
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Página 4 do n.º 35 de 2 de Novembro de 1968 |
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Página 14 do n.º 35 de 2 de Novembro de 1968 |
quinta-feira, 18 de julho de 2019
O nosso Navio
segunda-feira, 8 de julho de 2019
Inquietações cívicas
quinta-feira, 6 de junho de 2019
Uma lição de vida
A ensinar a natureza ao Tomás.* |
Ensinou-me botânica, biologia, filosofia, sociologia, política, relações humanas, eu sei lá quantas outras disciplinas, sempre pelo exemplo que, bem sabemos, é o método mais eficaz.
Ensinou-me que sem estudo, persistência e trabalho, a vida não oferece nada que a torne valiosa.
Ensinou-me que a preocupação com o bem-estar dos outros é muito mais compensadora que a preocupação com o nosso próprio bem-estar. Ensinou-me, por exemplo, que os frutos que renunciamos para dar aos filhos e aos netos são mais saborosos na boca deles.
Ensinou-me a gostar de estar com a família e os amigos à volta de uma mesa, com comida preparada em conjunto para ser compartilhada com histórias, pensamentos, esperanças e apreensões.
Ensinou-me que os melhores presentes requerem esforço e sacrifício de quem oferece e que, normalmente, o dinheiro não os pode comprar. Ensinou-me que mostrar disponibilidade para participar, para ajudar, é o bem mais valioso que se pode oferecer.
Ensinou-me a importância do carácter e do empenho persistente dos recursos interiores e a insignificância dos adornos e engenhocas que podemos comprar, por mais caros que sejam. Ensinou-me que a identidade não se adquire com a exposição pública de fatiotas, marcas ou logos cujo preço depende da “posição social” reconhecida por um certo tipo de “sociedade”.
Ensinou-me que cada um de nós é o resultado da acumulação de muitas e diversas experiências, agradáveis ou dolorosas, ao longo da vida. Ensinou-me que não devemos aceitar a anulação periódica do passado para fazer renascer um novo “eu” diferente e mais atraente, feito de encomenda de acordo com a moda, como se a vida fosse uma sucessão de novas oportunidades e novos inícios, uma sucessão de episódios independentes, cada um com enredo, personagens e final próprios.
Ensinou-me que muito do que é essencial para nos sentirmos felizes não tem preço de mercado nem pode ser adquirido com dinheiro ou a crédito numa qualquer plataforma ou superfície comercial. Ensinou-me por isso a importância dos laços familiares e da vida doméstica; do amor e da amizade; do orgulho pelo trabalho bem feito, pela superação individual e pelo reconhecimento dos pares e dos outros; da satisfação de ouvir e tentar ajudar os outros, de com eles cooperar; do estudo e da reflexão demorada, num ambiente agradável e relaxado.
Ensinou-me os benefícios de procurar fazer a diferença na sociedade, de deixar alguma marca, de viver para o outro, de recusar a solidão da preocupação com nós próprios. Ensinou-me que o sucesso e a duração dos relacionamentos pessoais estão intimamente ligados ao compromisso de serem mantidos apesar das adversidades e do que quer que aconteça.
Ensinou-me, acima de tudo, que a vida é uma obra em constante construção; que para a viver devemos estabelecer desafios difíceis de realizar, escolher objectivos muito para lá do nosso alcance, adoptar padrões de comportamento acima da nossa capacidade, tentar sempre o impossível.
Sei que não aprendi todas as lições, que não fui capaz de manter todos os padrões, atingir todos os objectivos e estar à altura de todos os desafios mas a responsabilidade não é do professor porque esse foi, sem sombra de dúvida, o melhor que podia ter tido.
O meu Pai foi o meu melhor professor e faria hoje 95 anos.
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* O Tomás teria uma idade próxima da actual do Miguel, o bisneto que mais desejou e não conheceu. Suspeito que se perguntar ao Miguel quem está na fotografia, ele dirá: "Eu e o avô Aníbal!"
domingo, 12 de maio de 2019
A vingança
segunda-feira, 22 de abril de 2019
O outro sinal para o 25 de Abril
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar”
sábado, 20 de abril de 2019
Benjamim Inácio Garcia
Uma pena de dois anos depois de sete no Tarrafal
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Benjamim Inácio Garcia |
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Ficha da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) |