Um dia o Luís, o Loureiro Nunes do grupo que em 1970 transpôs a porta de entrada da Escola Naval e formou o curso “Baptista de Andrade”, chamou-me carinhosamente de “filho da terra de Palhais”.
O Luís sabe que nasci e vivi a infância muito longe de Palhais, em terras africanas e com os pés molhados no Índico. Mas também sabe que aquela aldeia no sopé da serra de Montejunto é a terra da minha mãe e a minha segunda terra.
Foi o meu porto de abrigo quando os meus pais viveram, com uma antecipação de quinze anos, o drama das famílias retornadas das colónias africanas. Foi lá que fiz a admissão ao liceu, porque a 4ª classe já tinha feito em Quelimane. Era lá que passava as férias escolares, e se eram grandes, até ir para o Técnico.
São de Palhais os amigos e amigas que revejo na foto tirada na escola primária, em 1959. Nesse ano só eu fui para o liceu. Nos anos seguintes, alguns, poucos, continuaram os estudos liceais, mas a maioria teve de ir trabalhar depois da 4ª classe e muitos acabaram por emigrar para a América ou a Europa.
É em Palhais que estão as minhas raízes. Foi em Palhais que a minha filha Joana tirou a foto com o meu neto Miguel.
De facto, Luís, sou um filho da terra de Palhais.
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