Sabe-se que a História não se repete, mas será tolo quem não aprender com ela, em especial quando se vivem situações semelhantes às do passado.
A declaração conjunta de Xi Jinping e Vladimir Putin do
passado dia 4 de Fevereiro, a anunciar o que para os dois seria o fim da hegemonia
dos EUA sobre os destinos do mundo, lembrou‑nos o acordo de Mao com Estaline em
1950.
Na altura Mao era o mais fraco, foi pedir a bênção de
Estaline, meteu-se na guerra da Coreia e quem saiu por cima foi Estaline. Os
detalhes do processo só foram conhecidos muitos anos mais tarde quando foram
divulgados documentos secretos de um e outro lado, mas sabemos hoje que Mao se
sentiu atraiçoado por Estaline e que essa traição envenenou as relações
sino-soviéticas durante décadas.
As razões que levaram Estaline a fomentar a invasão da
Coreia do Sul terão sido as que constam de uma carta de Agosto de 1950, só
conhecida em 2005 : "envolver" os EUA numa guerra difícil e cara no
extremo-oriente e "distrair" a sua atenção da Europa Oriental, a
verdadeira preocupação de Estaline.
A resposta imediata de Truman e o empenhamento de forças
norte-americanas e chinesas na guerra da Coreia, sem que os soviéticos se
envolvessem directamente, permitiu que o objectivo de Estaline de distrair os
seus concorrentes principias, os EUA e a China, tenha sido temporariamente atingido.
O que Estaline não previu foi que a NATO, que antes da
guerra da Coreia era apenas uma ideia, se transformasse depois dela numa
poderosa estrutura militar liderada pelos EUA. E também não previu que a China,
setenta anos depois, se transformasse na potência que conhecemos.
Hoje, o mais fraco é Putin. Foi pedir ajuda a Xi Jinping,
invadiu a Ucrânia, aparentemente convencido que poderia vencer uma guerra de
agressão, o que actualmente é quase impossível. Os EUA responderam rapidamente
e desta vez não se envolveram directamente. E a NATO, que estava moribunda,
parece ter ressuscitado.
À semelhança do acordo entre Mao e Estaline, só daqui a
muitos anos saberemos o que se passou antes e depois da declaração de 4 de
Fevereiro. No entanto, arrisco a opinar que estamos a assistir à “vingança do
chinês”, levada a cabo com frieza, setenta anos depois.
E, aparentemente, dos intervenientes principais, só Putin não terá aprendido com a História. Bem, Putin e os que continuam a acreditar em dirigentes políticos que os usam e sacrificam como material descartável, sem qualquer valor.
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