Foto de Joana Bettencourt |
Era um espaço feio, sem vegetação, com o solo empobrecido pelo entulho das obras. Por isso, o Avô entendeu que era o espaço adequado para os cinco netos compreenderem os benefícios de se plantarem árvores, neste caso, pinheiros-bravos.
Orientados pelo Avô, os netos escolheram os locais onde cada um ia plantar o seu pinheiro. Limparam o terreno à volta e abriram cinco covas, com terra solta no fundo, para colocarem as pequenas plantas de pouco mais de um palmo. Taparam as raízes com terra que calcaram com as mãos e os pés, antes de deitarem a água que traziam da garagem em baldes. Espetaram uma estaca junto de cada pinheiro para servir de tutor e moldaram as caldeiras de retenção de água, reforçadas por um pequeno muro de terra na parte mais baixa do terreno em declive. Finalmente, taparam as caldeiras até ao nível do solo com material vegetal para manter as raízes húmidas e fornecer nutrientes aos pinheiros.
Durante meses o Avô e os netos cuidaram dos pinheiros. Regaram, mantiveram o material vegetal de proteção dentro das caldeiras e eliminaram as plantas invasoras em redor. Com estes cuidados, os pinheiros cresceram e ficaram mais altos do que os netos, excepto um que, na véspera do Natal, foi cortado e levado, certamente para enfeitar a sala do ladrão durante as festividades natalícias antes de ser despejado no lixo.
E como se isso não bastasse, pouco tempo depois, o Avô e os netos constataram que a haste de outro tinha sido partida, muito provavelmente por um apanhador de caracóis. Mas desta vez, o pequeno pinheiro deu uma lição de resistência à adversidade e de superação das dificuldades.
A haste partida foi substituída por um dos ramos horizontais e, apesar da deformação do tronco, o pinheiro continuou a crescer e hoje, quatro décadas depois, nada o inferioriza relativamente os outros três!