sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Bodas de ouro

De facto, as nossas vidas cruzaram-se há mais tempo, quando fomos morar para o mesmo prédio em Lisboa, teria eu uns dez anos e a João oito. Mas há cinquenta anos decidimos fazer a nossa festa. Primeiro em Lisboa, na igreja de São Roque, com a família, as amigas e os amigos.

Uma festa bonita, em que dois dos protagonistas não seguiram o guião: o noivo porque não acreditava no ritual e o sacerdote, porque falava para um tipo que não sabia as orações e não abria a boca. A verdade é que, por mérito do simpático clérigo, correu tudo bem. Certamente convencido que um dia o noivo veria a luz, cumpriu a sua função, abençoou a união e desejou-nos felicidades.
 

Mas a festa continuou no dia seguinte, em Cascais, no pavilhão do Dramático de Cascais. O jovem casal não podia perder um dos dois concertos dos Procol Harum, uma novidade absoluta no Portugal cinzentão daquele tempo. Tinha acabado de sair o álbum “Grand Hotel” e “A Whiter Shade of Pale” era umas das músicas de namoro. Por isso, com alguns dos amigos do noivo que aparecem na foto, rumaram a Cascais na tarde do dia 25 para o segundo concerto.

O primeiro tinha acabado de madrugada porque a banda chegou depois da meia-noite e à saída a polícia de choque aconchegou com bastonadas os espectadores que tardaram a dispersar. Mas o segundo correu sem problemas. E para o casal foi um começo de lua-de-mel inesquecível!

Passados cinquenta anos, não vi a luz de que o sacerdote falou, mas o amor que nos levou à igreja de São Roque é hoje muito mais forte. E a festa fazemo-la com duas filhas, dois genros e oito netos.

1 comentário:

  1. Bonitas e emocionantes recordações numa exemplar Família! Parabéns! E coragem...

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