A avó Isabel, uma mulher extraordinária que à semelhança da
esmagadora maioria das meninas da sua geração foi condenada a uma baixa
escolaridade, sempre me impressionou pela forma como usava as palavras para
exprimir o que sentia. Tinha o dom invulgar de, nos momentos e nas
circunstâncias certas, usar palavras que só ela conhecia, sem que isso
diminuísse o respeito que suscitava nos interlocutores.
Não sabíamos se as inventava ou se as tinha aprendido com as
gentes das mais variadas origens que conheceu ao longo da vida. Lembro-me, por
exemplo, de a ouvir usar a palavra chimbança para se referir à altivez
ou prosápia de outros e estava convencido que seria um termo adaptado de um
dialecto moçambicano.
Só hoje, ao percorrer as páginas de um Vocabulário
Madeirense descobri que, afinal, o trouxe da sua terra natal!
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