Embora os defensores da guerra falem cada vez mal alto e os apelos à negociação para obter a paz sejam cada vez mais considerados pelos milhares de especialistas formados em geopolítica nas redes sociais como apoios ao agressor, no caso o regime ditatorial de Putin, arrisco mais um texto para defender que é necessário e urgente um compromisso negociado entre os EUA e a Rússia.
Não sei como nem em que termos porque não tenho informação para isso mas sei que a História mostra que a alternativa à guerra total sempre foi a negociação e o compromisso entre os principais contendores. Como aconteceu, por exemplo, na crise dos mísseis de 1962.
Só mais tarde, já na década de 1970, percebi que a vitória de Kennedy só foi possível porque houve uma negociação secreta e um compromisso entre os líderes dos EUA e da então União Soviética. Os detalhes são bem conhecidos e por isso não entro neles, mas o que interessa salientar é que a iniciativa de Khrushchev foi uma resposta à instalação dos mísseis Jupiter com capacidade nuclear na Europa, em especial na Itália e na Turquia.
A primeira reacção dos falcões norte-americanos foi responder com um ataque a Cuba, se necessário nuclear, mas a administração Kennedy, embora fazendo o ultimato e impondo o bloqueio a Cuba, decidiu explorar a via da negociação e do compromisso.
Kennedy encarregou o irmão Robert de levar ao embaixador soviético em Washington a proposta de remoção dos mísseis Jupiter da Turquia, sem sequer informar este país, em troca da retirada das armas soviéticas de Cuba. Após um processo negocial secreto, Khrushchev aceitou o compromisso e o mundo respirou de alívio. Nunca tinha estado tão perto de um conflito nuclear!
No conflito da Ucrânia não sei qual é o compromisso possível entre os EUA e a Rússia mas estou convencido que ele deve ser procurado por todos os meios e é o único caminho, mesmo que estreito, para a paz.
Que me desculpem os meus amigos belicistas, mas o facto de não saltar convosco não faz de mim um apoiante de Putin. A única conclusão que podem tirar é que, tal como o Papa Francisco, entendo que a guerra é uma loucura e tudo deve ser feito para a evitar, mesmo negociar com o diabo.
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