Uma pena de dois anos depois de sete no Tarrafal
Benjamim Inácio Garcia |
Os pais do Benjamim Inácio Garcia tinham uma sapataria na Rua de São Bento e ajudaram o meu avô José na aventura de menino transmontano feito marçano nas ruas da Lisboa de 1912. Já falei deles em O Tenente Martins.
Ficha da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) |
O Benjamim, primo direito da minha avó materna, foi carpinteiro de moldes no Arsenal da Marinha e lutou contra o regime salazarista. Quando a Torre do Tombo colocou online as 29 510 fichas dos 148 livros de registo de presos da PVDE/PIDE/DGS de 1934 até 18 de Abril de 1974, recuperei a ficha prisional do Benjamim. Para além de confirmar o que escrevi há cinco anos, apercebi-me de um detalhe processual que ilustra bem o que era a repressão na ditadura salazarista.
Comprovado pela ficha, o Benjamim foi preso em 5/9/1935, tinha então 18 anos e meio de idade, passou por Peniche e Aljube, foi julgado e absolvido, foi preso novamente depois de quase um ano de liberdade e voltou ao Aljube, esteve mais de sete anos no Tarrafal e recolheu a Caxias para ser libertado em 7/11/1944. A ficha não diz mas eu sei, foi libertado porque estava a morrer de tuberculose.
Mas antes, diz ainda a ficha, foi julgado outra vez “em 1/11/1944, tendo sido condenado na pena de 23 meses de prisão correcional, dada por expiada com a prisão preventiva de 7 anos e 238 dias e na perda dos direitos políticos por 5 anos”!
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