sábado, 20 de abril de 2019

Benjamim Inácio Garcia

Uma pena de dois anos depois de sete no Tarrafal


Benjamim Inácio Garcia

Os pais do Benjamim Inácio Garcia tinham uma sapataria na Rua de São Bento e ajudaram o meu avô José na aventura de menino transmontano feito marçano nas ruas da Lisboa de 1912. Já falei deles em O Tenente Martins

Ficha da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE)

O Benjamim, primo direito da minha avó materna, foi carpinteiro de moldes no Arsenal da Marinha e lutou contra o regime salazarista. Quando a Torre do Tombo colocou online as 29 510 fichas dos 148 livros de registo de presos da PVDE/PIDE/DGS de 1934 até 18 de Abril de 1974, recuperei a ficha prisional do Benjamim. Para além de confirmar o que escrevi há cinco anos, apercebi-me de um detalhe processual que ilustra bem o que era a repressão na ditadura salazarista.

Comprovado pela ficha, o Benjamim foi preso em 5/9/1935, tinha então 18 anos e meio de idade, passou por Peniche e Aljube, foi julgado e absolvido, foi preso novamente depois de quase um ano de liberdade e voltou ao Aljube, esteve mais de sete anos no Tarrafal e recolheu a Caxias para ser libertado em 7/11/1944. A ficha não diz mas eu sei, foi libertado porque estava a morrer de tuberculose.

Mas antes, diz ainda a ficha, foi julgado outra vez “em 1/11/1944, tendo sido condenado na pena de 23 meses de prisão correcional, dada por expiada com a prisão preventiva de 7 anos e 238 dias e na perda dos direitos políticos por 5 anos”!


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