Em Setembro de 1974, o ano de todas as experiências, estávamos em Angola.
Março tinha sido um mês muito triste para a João e para mim. A Isabel, já com uma bela barriguinha, e tu, tentaram animar-nos mas não era possível fazer mais. Lembro-me de dizermos que a partir daquele momento a preocupação era a vossa criança.
Abril foi o mês da liberdade. Festejámos juntos, com a sensação de que estava tudo por fazer. E cada um de nós tentou fazer o seu melhor.
Abril foi o mês da liberdade. Festejámos juntos, com a sensação de que estava tudo por fazer. E cada um de nós tentou fazer o seu melhor.
A partir de Junho navegámos no mesmo navio. Luanda, Moçâmedes, Cabinda, São Tomé, São Vicente, foram alguns dos portos onde percebemos que o mundo iria mudar para quem vivia na África colonial portuguesa. Assustámo-nos com a ilusão vivida por muitos, apesar dos sinais de que a situação caminhava rapidamente para o descontrolo. A reacção ao assassinato de um taxista em Luanda foi o sinal de alarme.
No terceiro dia de Setembro, em prevenção rigorosa por causa dos conflitos nos musseques de Luanda, recebeste a notícia do nascimento da tua filha. Tenho a certeza que foi o dia mais feliz da tua vida. Festejámos juntos e adequadamente o sucesso da chegada da criança que tinha deixado de ser preocupação.
Por coincidência, a Renata nasceu no dia de aniversário da João. Não estranhei porque já estava habituado. Há anos que me encontrava contigo e com os teus irmãos nos momentos mais diversos da vida, sem que nada tivesse sido previamente combinado. Foi no liceu, foi no Técnico, foi na Escola Naval. Porque é que a Renata não havia de ter direito à sua coincidência?
Depois desse Setembro de 1974, continuámos a viver uma amizade que não foi feita de coincidências. Até que a vida nos pregou uma valente partida.
Por isso, neste dia de aniversários, sinto sempre saudades tuas, Paulo!
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