Há uns sete anos li no Diário de Notícias um manifesto contra a minha geração de um investigador em biotecnologia, presumo que jovem.
Segundo ele a minha geração beneficiou, como nenhuma outra antes ou depois, de empregos vitalícios, salários acima das respectivas qualificações e pensões de reforma muito acima das respectivas contribuições; os seus membros chegaram sem mérito nem trabalho a posições que nunca teriam alcançado se a vida pública não tivesse sido politizada pela revolução; e tem "direitos adquiridos" que estão a ser pagos pelos jovens que, sem emprego vitalício nem reforma garantida, são forçadas a trabalhar para sustentar os privilégios das gerações mais velhas.
E o investigador em biotecnologia concluía a sua tese científica dizendo que a excessiva politização da vida pública não é um valor a promover mas um vício a evitar. As sociedades politizadas premeiam a habilidade política e as demonstrações de força na rua. As sociedades despolitizadas premeiam o mérito individual, o trabalho e a iniciativa empresarial. O eventual desinteresse dos jovens pela política partidária é um bom sinal. É um sinal de que a sociedade falhada construída pela geração do 25 de Abril pode ter os dias contados.
Hoje ouvi a fundamentação teológica da tese dos malefícios da politização. Questionado sobre o que Jesus Cristo teria feito nas últimas eleições, um eurodeputado não hesitou na resposta: ter-se-ia abstido!
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