Para a inscrever numa atividade extra do jardim-de-infância, a mãe
perguntou: – Queres inglês, motricidade – os miúdos hoje sabem que
motricidade é ginástica – ou karaté?
– Karaté! – respondeu a menina, rápida e segura. – Porquê? – Para
derrotar o Tomás. O Tomás é o irmão mais velho, sete anos mais velho!
É assim a Caracoletas. Muito sensível, mas forte e determinada. Sabe o que quer e, sempre que pode, manda.
Vai ser um quebra-cabeças para os namorados. O avô que o diga, precisou de se empenhar a sério para a conquistar!
Até esta neta, a sexta, tudo tinha corrido bem. A ligação com o avô
estabelecia-se facilmente nos primeiros meses de vida dos netos, sem
sobressaltos. Mas com esta houve uma mudança radical. A menina não
queria ir para o colo do avô e, sempre que o via, virava-lhe as costas. E
quando o avô a pegava, era um berreiro tremendo. O avô bem tentava,
mas nada. Os banhos e os jantares das quintas-feiras, que com os irmãos
corriam sempre bem, com a Caracoletas eram um calvário.
Mas o avô não podia nem queria desistir. Estava certo de que era uma
questão de tempo e de muito amor. Continuou persistentemente a cortejar a
neta e, perto do ano, deu-se o clique. Primeiro
uns sorrisos, depois o estender dos braços e por fim o aconchegar
saboroso no colo do avô.
Ficou uma bela paixão entre a neta e o avô que
se revela nos mais pequenos pormenores.
Coitados dos futuros pretendentes. Para além das atribulações do namoro, vão ter de aprender uma técnica de defesa pessoal!
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